Mais uma vez, a Gabi Ferri (@gabiferri24) nos contempla com um post magnífico, sobre uma das maiores (senão "A" maior) obras da 7ª arte.

“I’m going to make him an offer he can’t refuse”
Era final da década de 1960 quando os estúdios Paramount contrataram Mario Puzo para escrever um roteiro. A história contada pelo autor era sobre uma família de mafiosos, mas a Paramount, duvidando que poderia obter sucesso com um filme nesses moldes, resolveu não filmar o roteiro.
Mario Puzo, então, publicou-o em forma de livro e, em pouco tempo, era autor de um dos maiores best-sellers já lançados no planeta (sim, eu li, e posso atestar que é um dos melhores livros “ever”!!!). Com a popularidade de Puzo crescendo, a Paramount, então, voltou a demonstrar interesse em produzir um roteiro escrito por ele.
E aí, já descobriu de que filme estou falando? Os cinéfilos veteranos com certeza já assistiram “zilhões” de vezes. Para os que estão iniciando sua incursão pelo mundo cinematográfico, recomendo que assistam não uma, nem duas, nem três, mas várias e várias vezes!
A trilogia “O Poderoso Chefão” tinha, pela frente, um caminho bastante difícil a percorrer: como dar mais fama a uma produção cinematográfica do que ao próprio livro, um best seller reconhecido mundialmente? A resposta da Paramount era uma só: a contratação do grande diretor Francis Ford Coppola. O orçamento previsto para o primeiro filme, afixado em US$ 2,5 milhões, foi estourado várias vezes, mas o resultado final realmente valeu a pena.
Uma das grandes curiosidades da produção é que Marlon Brando, que interpreta magistralmente Don Vito Corleone, era o último nome que os produtores da Paramout queriam ouvir. Isso porque Brando tinha uma fama de irresponsável, polêmico em demasia e imaturo. Coppola não desistiu de tê-lo na produção, e o resultado foi um Oscar de Melhor Ator para Brando, que em O Poderoso Chefão realizou a melhor das atuações de sua carreira (não dá para esquecer das bochechas repletas de algodão e da voz baixa, quase inaudível). Outra contratação duvidosa, na época, foi a de Al Pacino, que incorporou Michael Corleone, ainda desconhecido no mundo cinematográfico.
Estranho ou não, anos mais tarde Robert de Niro interpretou Vito Corleone mais jovem, quando ainda era pobre. Copiando os trejeitos de Marlon Brando e também falando muito italiano, de Niro ganhou o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante. Pela primeira vez (e única!) na história, dois atores ganharam um Oscar ao interpretar o mesmo personagem no cinema.
Coppola certamente produziu um trabalho pioneiro na época, trabalhando com planos minuciosos, longos, beirando o estado de reflexão. Há também o jogo de luzes, que deixa os ambientes, mesmo os mais urbanos, por vezes quentes, com um ar de intimidade familiar, e por vezes obscuros, a ponto de o espectador sentir calafrios. Já os cenários não chegam a ser bonitos, mas a Sicília... As locações são lindas, e dou especial enfoque à Igreja de São Nicolau, em Savoca, onde se passa o casamento de Michael. Quanto às cenas de violência, a direção de fotografia trabalhou com intenso esmero para filma-las de forma delicada, sensível, sem dar-lhes os ares de gratuidade que o cinema atual dá – afinal, Coppola trabalha o cinema como “arte pela arte”, não por bilheteria.
Mas a maior marca registrada do filme, com certeza, é a trilha sonora. Quem não se arrepia com a música-tema da família Corleone? Tal obra é de Nino Rota, contribuidor de Fellini, que deu também versatilidade às cenas com a trilha tão bem montada. É claro que somente um italiano poderia combinar a essência do roteiro com notas musicais. A trilha teve, também, participação do pai de Coppola, Carmine, maestro que, a partir da segunda película, assumiu completamente o posto.
Infelizmente, para o texto não ficar muito extenso, não vou poder falar sobre as sequências produzidas posteriormente. O que é muito marcante, entretanto, é a atuação de Al Pacino que, junto ao crescimento de Michael Corleone dentro da família, também cresce como ator. Sua atuação ainda no primeiro filme é surpreendente, e ele consegue superar as expectativas a cada um dos filmes.
Certamente, O Poderoso Chefão não é um desses filmes que assistimos apenas pelo fator diversional. Ao contrário: é um filme que faz pensar sobre a ilegalidade, sobre o crime organizado, sobre a violência em busca do poder. Preste a atenção, caro cinéfilo, à cena do pedágio, no primeiro filme, e às cenas subsequentes; e também em O Poderoso Chefão III, nas cenas finais. Você verá que, mesmo sendo um poder paralelo, o crime organizado também é atingido pela violência.
Mas não só em relação a pontos negativos se refere esta trilogia. O Poderoso Chefão também fala de família, de fidelidade e lealdade.
Ouso dizer, caríssimos, que dentre livros e filmes, certamente foram os melhores aos quais já vi e assisti!
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